sábado, maio 31, 2008

Cardi e Mucky em Coimbra

«Isto não é um “sketch”». As palavras foram proferidas por Miguel Góis, no início da sua intervenção no debate “Rir é o melhor remédio?”. A frase alertou o público para a abordagem séria que os humoristas optaram por fazer ao tema do humor, onde foram citadas várias fontes bibliográficas.«Tem-se falado no riso como mecanismo de defesa para não chorar, mas eu defendo o contrário. Há pessoas que choram para não rir e optam por mecanismos constantes de vitimização», afirmou. Miguel Góis lamentou que exista, na sociedade, «um sintoma de medo da felicidade». «Não percebo o receio apocalíptico que há em rir. Infelizmente o cinzentismo é um refúgio grande e há um preconceito contra o riso que vem de longe», avançou.Entre declarações sérias, houve tempo para tiradas mais apimentadas, que fizeram rir os espectadores. «As pessoas têm comportamentos muito estúpidos. Drogam-se, bebem demasiado álcool e votam no CDS-PP. Realmente temos maneiras muito inventivas de não ter prazer», afirmou com um sorriso.Rir para não temer a morteJá Ricardo Araújo Pereira defendeu a tese de que «a piada é uma coisa tão nobre como qualquer intervenção cívica maravilhosa». «É um fim por si só», acrescentou, para depois recordar que o Homem «é o único ser vivo que ri e que tem consciência da morte». «Será que uma pessoa que vivesse para sempre teria vontade de rir?», lançou para a audiência.O humorista explicou depois o confronto que muitas vezes existe entre a religião e os comediantes. «Nós tentamos fazer com que as pessoas não temam a morte. Os padres tentam fazer com que as pessoas temam a morte», resumiu.A terminar, e após algumas questões do público, Ricardo Araújo Pereira concluiu que o humor «diz a verdade mais contundente» e garantiu que «o único objectivo dos Gato Fedorento é fazer as pessoas rir».Os dois humoristas encerraram o congresso “Rir é o melhor remédio?”, organizado pelo Núcleo de Estudantes da Faculdade de Psicologia e Ciências de Educação, destinado a debater a psicanálise e o humor, numa perspectiva clínica e cultural. O encontro reuniu vários especialistas, entre os quais o psiquiatra José Luís Pio de Abreu, autor do livro “Como tornar-se doente mental”. Participaram no colóquio cerca de sessenta pessoas.

In: http://www.diariocoimbra.pt/18567.htm

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