segunda-feira, maio 05, 2008

Entrevista ao Zé Diogo

Foi na SIC Radical que se tornaram conhecidos de alguns e as suas séries de "sketches" tornaram-se em fenómenos de culto. A passagem para o horário nobre da RTP deu-lhes a visibilidade das massas e dos "sketches" arriscaram para uma espécie de "talk-show" gravada ao vivo e que bateu audiências. Zé Diogo Quintela é um dos elementos dos "Gato fedorento", agora contratados pela SIC, que regressam ao ecrã em Setembro

Diz que a maneira de fazer humor está mais apurada, que limparam alguma gordura em relação aos trabalhos anteriores. O "Gato fedorento" Zé Diogo Quintela revela que o novo programa continua a parodiar os casos da actualidade e não teme comparações com o trabalho feito na RTP. Quando escreve Ricardo Araújo Pereira, Miguel Góis e Tiago Dores são o seu público e é a eles que tenta fazer primeiro rir, antes de colocar o seu trabalho à apreciação do público


Jornal de Notícias O que encontram de diferente entre o vosso trabalho actual e os programas do início, nos tempos da SIC Radical?

José Diogo Quintela A nossa maneira de fazer humor ficou mais apurada. Fomos limpando alguma gordura que haveria. Não digo que sejam perfeitos mas há uma evolução que eu acho que se nota muito. Olho muitas vezes para os sketches da SIC Radical, que de vez em quando apanho, e vejo que melhorámos muito. Sobre o timing do humor, sabemos mais, vamos aprendendo, é natural. Nem sequer falo de aspectos da produção em si, que melhoraram muito quando fomos para a RTP. Muitas vezes alguém diz no tempo da Radical é que era bom", mas isso não se consubstancia em nada. Era melhor porquê?

Mas na RTP e agora na SIC têm um público mais alargado. Os espectadores que os viam na Radical e, por exemplo, os pais destes...

Nós nunca pensamos nisso. O público para o qual estamos a fazer as coisas não é uma das nossas preocupações iniciais. Basicamente, tentamos fazer coisas que nós achamos engraçadas. Nós os quatro somos o nosso público primordial. Por exemplo, quando eu tenho uma ideia, quem eu quero fazer rir são eles os três. Se conseguir sei que há hipótese de ter sucesso. Mas sim isso do público é um factor e sentimos isso porque as críticas que ouvimos são diferentes. Ou seja, hoje em dia ouvimos pessoas que gostam de nós por razões completamente diferentes das daquelas que gostavam de nós quando estávamos na SIC Radical.

Temem comparações entre o programa que estão a preparar para a SIC e o "Diz que é uma espécie de magazine" que fizeram na estação pública?

Acho que as comparações vão ser óbvias. O programa não vai ser igual ao da RTP. Mas nós não temos de ter medo das comparações. Vão existir sempre e também não sinto obrigação de fazer nada completamente diferente só por fazer. Utilizando uma metáfora futebolística se uma equipa comprar o Cristiano Ronaldo não vai dizer "Agora quero que jogues à baliza". Quer que ele continue a fazer as coisas que faz, que marque golos, que é a coisa que ele faz bem. Foi para isso que a SIC nos contratou. Se funciona aquele formato, até por uma questão de responsabilidade com a SIC é isso que nós teremos de fazer também.

Já pensaram em arranjar ajuda para escrever os textos? Ou pelo menos pesquisar material?

Vamos continuar a ser só nós a escrever os textos não fechamos as portas no futuro a ter quem colabore connosco. Mas, para já isso, não está no nosso plano .

Porque ainda têm muito tempo para o preparar? Só estreia em Setembro...

Porque o programa é sobre a actualidade. Não há muitas coisas que se possam preparar com antecedência. Temos de as fazer em cima do que se passa nessa semana. Podemos ter ideias genéricas sobre, por exemplo as eleições que vêm aí. Mas, fora isso, não podemos preparar muito.

Tiveram alguma participação na escrita dos textos da campanha publicitária do MEO?

Não. A agência de publicidade faz a estratégia com a PT onde não somos vistos nem achados. E o conceito desta publicidade, os textos, é tudo da sua responsabilidade. O que nós fazemos é - depois de terem escrito - adaptarmos os guiões por questões de agilidade. Há coisas que escritas ficam de uma maneira, mas ditas ficam de outra. E nós acrescentamos ali algumas coisas. É o nosso contributo na parte criativa, mas já na parte da filmagem.

Além dos trabalhos dos "Gato fedorento", há algum projecto, a título individual, que lhe desse gozo fazer nesta altura?

Naquilo que é o humor acho que faço basicamente tudo o que gosto, complementado com o que escrevo no Público e na Bola. Noutras vertentes da minha vida, há outros aspectos profissionais que eu gostava, se calhar, de um dia experimentar que não têm a ver com televisão. Mas isso não tem qualquer interesse...

In: http://jn.sapo.pt/2008/05/02/televisao/quem_quero_fazer_sao_eles_tres.html

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